domingo, 18 de dezembro de 2011

[GAZETA - Gaz no Papel] Um papo quente com a banda Cine

Em uma conversa franca, DH e cia. falam sobre o disco novo, Boombox Arcade, revelam histórias da carreira e comentam sobre as comparações com o Restart: “não somos melhores amigos”


Ouça um trecho da conversa de Gaz com a banda Cine

RogerioSoeiro/Divulgação
Com pegada eletrônica, banda Cine aposta em um CD conceitual sobre videogame
  
Quando a equipe do GAZ+ chegou em São Paulo, no meio da tarde, para conversar com a banda Cine e participar do coquetel de lançamento do novo disco, os caras já estavam desde as 10h30 atendendo jornalistas – por telefone e pessoalmente. Hoje, Diego Silveira, o DH (vocal), Bruno Prado (baixo), Danilo Valbusa (guitarra), Dave Casali (bateria) e Pedro Dash (teclado), já estão acostumados com a correria de conversar com a imprensa, divulgar o trabalho e tudo mais, mas ainda se lembram da época em que tudo era bem mais difícil.

“A grande diferença entre uma banda underground e uma banda que entrou no circuito é essa. Ter apoio [da gravadora], além do seu esforço. Coisa que a gente nunca teve quando lançou nosso trabalho independente”, conta DH, feliz com a chegada do segundo disco do Cine, o Boombox Arcade. O nome, que faz referência àquelas máquinas de games mais antigas, não é por acaso. Com uma sonoridade bem mais eletrônica, o novo trabalho da banda é conceitual. Nas 14 faixas, o tema videogame, de uma forma ou de outra, está presente.

A ideia, de acordo com o vocalista, surgiu durante o período de composição do disco, que durou cerca de dois meses. Como o quinteto é fanático por videogame, eles pensaram em transpor o tema também para os shows da nova turnê. Por conta da pegada eletrônica, a banda precisou se aperfeiçoar em alguns novos instrumentos para tocar as canções ao vivo. “A gente já tinha uma ideia, mas foi no processo de gravação que evoluímos e aprendemos bem mais sobre isso”, lembra Pedro.

Essa escolha por uma sonoridade mais voltada para as pistas – que pode ser conferida no primeiro single do disco, “#emchoque”, que já está tocando por aí – se deu por causa dos artistas que a banda mais tem ouvido nos últimos tempos. Black Eyed Peas, 3OH!3, Usher e Ke$ha são alguns deles. “A gente tentou trazer pra cá algo de fora. Já tem uma galera que faz isso, como a Wanessa e o CSS, mas nós somos os primeiros a cantar em português”, diz DH.

De Bochecha à Jay Vaquer
Outra característica do Boombox Arcade é a quantidade de participações especiais nas músicas. A mais curiosa certamente é a do MC Buchecha, na faixa “Reset”. “A gente sempre quis tocar com ele. Mandamos um e-mail sem pretensão e, para a nossa surpresa, ele topou”, lembra DH. À procura de uma voz feminina para “Seu Show”, Manu Gavassi acabou sendo uma escolha óbvia. “Ela já era nossa fã desde antes de ficar famosa e quis na hora”, diz.
Na faixa que encerra o disco, “Esse Aqui é Mais Um (Sonho)”, o carioca Jay Vaquer dividiu não só os vocais com DH, mas também a composição da letra. “Ele tem o estilo dele para escrever, que é muito bom, então nem teria sentido ele cantar algo escrito por nós”, explica DH.
Fotos: Divulgação


Dave, Danilo, DH, Pedro e Bruno fazem pose durante a festa de lançamento do disco
Boombox Arcade

Apesar das mudanças significativas no som, a Cine não se preocupa muito com a maneira que os fãs irão receber o novo trabalho. Para eles, o importante é estar sempre fiel aos sentimentos do grupo. Como define DH: “Desde o começo nós temos o foco de sermos transparentes e sinceros com o que queremos fazer. Se um dia a gente não estiver mais gostando o som, vamos fazer outro. Vem dando certo assim.”

Sucesso e grana
Ser catapultado para a fama de uma hora para outra pode mexer com a cabeça de qualquer um. E os caras da Cine não negam que fizeram algumas loucuras com a grana que ganharam assim que estouraram nas paradas, em 2009, com o hit “Garota Radical”.
“A gente não se lembra de muita coisa. Quando eu era pequeno eu percebi que os dias legais passavam rápido e eu não me lembrava de quase nada depois. E esse boom da banda foi assim. Nesses dois anos fazendo shows pra caramba, a gente passou meio alucinado,
fazendo muita festa, balada, sempre juntos. Foi uma coisa r
ápida e não sabemos nem explicar como”, resume DH.

Mas mesmo com toda diversão, eles garantem que o foco da banda sempre foi no trabalho. “Se você está fazendo uma festa hoje e tem que acordar amanhã cedo, você faz os dois e acorda cedo. Põe um óculos escuro, mas vai”, diz Pedro, lembrando uma vez que foram se apresentar no Programa do Gugu sem terem dormido, após uma noite de bebedeira.
Hoje, eles garantem que estão bem mais tranqüilos. “Agora, a maior parte da banda namora”, afirma DH, que diz ter trocado as baladas por jantares no estilo “queijos e vinhos” com a namorada. Com a grana que ganharam – e vem ganhando – o quinteto também aproveita um pouco das mordomias. A maioria comprou carro e apartamento. Só Bruno que ainda continua morando com os pais. “Pô, vou largar a mordomia?”, brinca o baixista.

Cine x Restart
Não dá para falar de Cine e não se lembrar da onda colorida e “feliz” que invadiu o cenário musical brasileiro desde que eles chegaram. Primeiro expoente dessa horda de bandas “happy rock”, eles apontam que o movimento surgiu para contrapor o emo. “Todo mundo se vestia de preto, falava de cortar pulso e chorar, e aí veio uma banda com eletrônico no som, camisetas coloridas e tênis mais chamativos. Foi diferente”, lembra Pedro.
Nesta época, os caras do Restart tinham por volta dos 15 anos e abriam os shows da Cine. “E eles entraram nessa onda ‘colorida’ também, só que foram pro lado esculachado. Isso foi meio o que pegou e a gente começou a sair fora”, diz DH. “A gente migrou quando quis, tanto é que todo mundo disse ‘meu, vocês estão loucos? Estão largando o colorido agora, na época que está em evidência?’. Acho que foi mais fácil se desvincular antes do que depois”, completa Dave.
E hoje, como é a relação deles com o Restart? “Não somos amigos. É meio que natural. Se você quer comparar a Pepsi com a Coca, elas vão se odiar. Cada um quer ser único e não tem como. Então, se você coloca duas coisas em uma comparação, acaba sendo um o oposto da outra”, responde seco DH, logo completando de uma forma politicamente correta. “A gente se respeita, só não somos melhores amigos”.

Histórias de fãs
“A gente já fez muitas loucuras”. É assim, meio no ar, que DH responde de primeira quando questionado sobre o relacionamento com as fãs. Mas é só o papo ir rolando que logo algumas histórias vão surgindo. E até a capital paranaense já foi cenário para algumas delas. “Eu aproveitei bastante Curitiba quando era solteiro”, brinca DH.
Um dos ápices desta época foi quando a Cine se apresentou em Porto Alegre e encontrou a casa de shows lotada. “A gente era moleque, ficamos doidos com aquilo”, conta Danilo. Para comemorar, eles chamaram todas as fãs que estavam aguardando para tirar foto para fazer uma festa no hotel. Foram 60 meninas e a bagunça durou a noite toda. “Hoje tem o nosso nome e RG na lista negra do hotel, não podemos nunca mais nos hospedar lá”, revelam.
Outro caso que eles lembraram aos risos foi quando o baixista Bruno acabou ficando com uma fã logo depois do show. “Ela estava chorando porque tinha ficado dois dias esperando para ver a gente e machucou o pé. Daí eu falei ‘então dá um beijinho’”, conta, às gargalhadas. A história só não bate a da vez em que eles foram passar o ano novo em uma casa em Ilha Bela e uma fã escalou o muro de três metros para invadir a festa. “Ela entrou na cozinha e começou a gritar e chorar. Foi bizarro”, lembra DH.

FONTE





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